Alguns textos que, sob o estilo comédia Stand Up sarcástica, falam sobre pequenos fatos ou situações que passam despercebidas em nossas vidas e, muitas vezes, sequer questionamos o porquê das coisas serem assim.

29 de julho de 2008

GRAVATA

A gravata é o único acessório masculino que não possui função nenhuma. É puro enfeite. Não sei quando ela foi inventada, mas imagino que foi junto com a criação dos brincos. Foi mais ou menos assim: Era uma vez um prefeito que discursava ao seu povo: “Queridos cidadãos e cidadãs, usamos tantas roupas para cobrir nossos corpos que agora estamos com dificuldades em diferenciar os homens das mulheres. Portanto, sob decisão do nosso conselho, a partir de agora, as mulheres usarão metais amarrados nas orelhas e os homens usarão tecidos amarrados no pescoço”.
Eu sei... Viajei muito nessa estória, mas ela faz mais sentido do que imaginar um cara que disse: “Preciso inventar alguma coisa que não serve pra nada”.
Se ao menos fosse agradável, tudo bem, mas só a usamos quando somos obrigados no trabalho ou em alguma festa. A diferença é que nas festas a gente pode tirar a gravata depois de cinco minutos... Ainda bem! Pois ela nos dá a sensação de que estamos sendo enforcados bem devargazinho, a cada parente que chega.
Eu demorei um certo tempo pra aprender a dar o nó na gravata. Aliás, fazer isso é tão difícil que nem merecia ser chamado de nó, merecia ser chamado de Origami na gravata. Poderia simplesmente dar uma volta no pescoço e pronto. Mas não! Afinal, não basta usar uma coisa inútil. Tem que ser inútil, calorosa e difícil de colocar.

22 de julho de 2008

PERNILONGO

Os mais religiosos dizem que o trabalho de Deus foi perfeito. Eu não concordo muito, ou Ele não teria criado o pernilongo. Esse animalzinho infeliz sequer ajuda na cadeia alimentar. Tudo bem, você pode até achar que nas florestas há animais que os comem, mas os pernilongos são só tira-gostos. Comida de verdade é mosca, mosquito, besouro, abelha, etc. Você conseguiria viver sem comer kiwi, não é? Pois bem, o pernilongo é o kiwi do mundo animal.
Mas como os pernilongos ainda existem nas cidades? Tem épocas que eles aparecem e depois somem (geralmente no frio). Mas se todos morrem no frio, como conseguem ressurgir de novo? Será que eles se abrigam em uma cidade perto do núcleo da Terra para manter o calor, igual no Matrix?
O período de vida do pernilongo é de apenas de um a dois dias, mas não tenha pena dele. Ele já perde a virgindade no seu primeiro dia de vida e também dá a luz no mesmo dia. Logo, o pernilongo faz em 24 horas o que você espera ou esperou anos pra acontecer.
Uma coisa que eu acho muito interessante é que o pernilongo macho é vegetariano. Já a fêmea se alimenta do nosso sangue e gosta de nos irritar fazendo ruídos nos nossos ouvidos sem parar. Eu ia comentar a respeito, mas deixa pra lá. Vão me chamar de machista...

17 de julho de 2008

DENTISTA

O dentista é o profissional "patrão-empregado" ao mesmo tempo. Tem que fazer todo serviço, mas ninguém lhe dá ordens. Provavelmente nem eles mesmos devem saber disso, pois patrão não usa uniforme. Logo, creio que o dentista seja um cara muito supersticioso. Todo final de dezembro há muitas pessoas que passam a virada do ano de branco, pra ver se dá sorte. O dentista fica de branco o ano inteiro e nem é obrigado a isso.
Mesmo assim é uma profissão agradável. Não tem chefe, pode assistir TV, escutar música , deixar o paciente “aguardando” na sala de espera quando não quiser atender, e tem também o meu preferido que é possuir aquela máquina com luz, assento, brocas, raios lasers, sugadores e cuspidores! Com uma máquina dessas em meu poder eu não seria dentista, eu conquistaria o mundo!
Você precisa confiar muuuuito bem no seu dentista. Pois ele pode cobrar o que quer pela consulta. É impossível acompanhar o que fazem enquanto estamos de boca aberta. Além disso, eles gostam de nos ensinar a "melhor maneira" de escovar os dentes. Mas eu acho que ensinam tudo errado, pois assim terão uma clientela que será obrigada a voltar sempre ao consultório.
Apesar de tantas vantagens, o dentista é uma pessoa muito solitária. Ele até que tenta conversar com a gente, puxar assunto, mas como estamos com a boca ocupada, só conseguimos falar um “Aaaahhhãããã” (sim) ou “Aaaahhh ããããhhh”(não). Esse é o diálogo que o dentista ouve todos os dias.

15 de julho de 2008

GUIANAS E SURINAME

Estes dois países da América do Sul são tão importantes em nossas vidas como o estado do Acre. Pelo menos o Acre tem sua importância no extrativismo, e nós conhecemos a capital (Rio Branco). Há quem diga que o Acre faz parte do Brasil só para deixar o mapa mais bonito, mas me diga quantas vezes você abriu o mapa e nem sequer olhou para as Guianas e o Suriname. A gente se esquece deles até mesmo com o mapa na nossa frente! Detalhe, uma das Guianas é a Guiana Francesa. A França deve ter muito orgulho de ter seu nome num canto esquecido da América do Sul. Mas há explicações quanto a isso.
Alguém conhece:

- alguma pessoa das Guianas ou Suriname?
- time de futebol das Guianas ou Suriname?
- banda ou cantor das Guianas ou Suriname?
- amigo seu que passou as férias nas Guianas ou Suriname?
- terremoto, furacão ou maremoto nas Guianas ou Suriname?
- avião que caiu nas Guianas ou Suriname?
- algum ET que foi visto nas Guianas ou Suriname?
- Qual a moeda, capital, presidente das Guianas ou Suriname? (Sem procurar na Internet)

Esses países são iguais aqueles alunos de escola que ficam calados o tempo todo. Você olha pra eles de vez em nunca e termina o ano sem sequer conhecer a voz deles.

12 de julho de 2008

JOGAR TÊNIS

Diferente do Golfe, Tênis é o esporte de rico que o pobre também gosta de assistir ou jogar. Pra mim, é meio que um paradoxo, pois acho um esporte muito legal e besta ao mesmo tempo. O processo de criação do Tênis foi assim:
Um cara chegou pro outro e falou: “Eu jogo a bolinha pra lá, você joga a bolinha pra cá. Quem não alcançar a bolinha perde”. Esse é o principal fundamento. Uma coisa tão simples que poderia ser decidida em cinco ou seis jogadas. Porém, aparentemente, são necessárias umas três horas de jogo para decidir quem passa a bolinha melhor pro outro lado.
Uma peculiaridade deste esporte é que não há um chão específico. Joga-se na grama, saibro, ou piso duro. Por que não se decidem e escolhem um? Agora, se querem mostrar que são bons, comecem a jogar no gelo, na lama, na areia...
A pontuação também é outro charme. Você acerta uma vez, faz 15 pontos. Acerta de novo, chega a 30 pontos. Porém, quando acerta pela terceira vez, você não faz 45, mas sim 40 pontos. Aí, se acertar mais uma, acaba. Que doideira não? A pontuação deveria ser igual àquela brincadeira do Silvio Santos: Um, dois, três, PIN! Cinco, seis, sete, PIN! Mais fácil.
E aquelas pessoas que ficam ao fundo e gritam quando a bolinha cai fora? Gritar é pouco... Elas berram tão alto como se parecessem bravas pelo tenista ter errado o alvo. Engraçado que durante a partida, a platéia fica sempre em silêncio. Logo, não precisariam gritar, só dizer “Você errou meu querido”.
E quando o comentarista fala que o tenista realizou um “Drop Shot”, ou um “Overhead Smash” a gente entende tudo né? No Tênis até as nomenclaturas simples não têm muita lógica. Se você coloca muita força na raquete e a bolinha vai longe, você acaba de cometer um “Erro Não-Forçado”. Vai entender...

7 de julho de 2008

VELÓRIO

O velório é, literalmente, um dos rituais mais infelizes já inventados. A intenção até que é boa, mas você percebe que ele é todo errado desde a hora que chega ao local. Como se cumprimenta uma pessoa que chora a morte de seu parente? “Oi, tudo bem contigo?”, ou “E aí cara, quais as novas?”, ou talvez “Beleza meu, como vai a família?”.
O objetivo do velório é prestar homenagem ao morto. Juntam um monte de parente, todos de preto, e choram em volta do caixão. Isso é homenagem? Grande coisa! Pra mim, homenagem seria levar o caixão até um lugar público e fazer gritos de incentivo pra todo mundo ver. Ex.:“Leee Leleô leleô leleô...Pedro!!!”
E por que o morto tem sempre que estar bem vestido? Talvez seja importante estar arrumadinho antes dos vermes o comerem. Além disso, muita gente é enterrada usando relógio. Afinal, vai que o morto se atrasa pra algum compromisso.
A morte não deve ser encarada como um fato triste. É só uma pessoa a menos que vai deixar de pegar trânsito, ser assaltada, atender chamadas de telemarketing, pegar filas, pagar impostos, etc. Isso é tão verdade, que algumas pessoas sorriem depois de mortas, em contrapartida, todo bebê chora depois que nasce.

6 de julho de 2008

CELULAR

Ter um celular é tão comum como ter um sobrenome. E tão importante quanto também, pois parece fazer parte do nosso corpo. Afinal, sair de casa sem cueca tudo bem, mas sair sem celular não pode, né?
As pessoas guardam fotos, videos, músicas de seus agrados nos celulares. Quantas vezes nos deparamos com músicas horríveis como campainhas? Há pessoas sem noção do ridículo. Já vi um que tocava o hino nacional. Imagina estar em uma reunião, um hospital, uma igreja e de repente: “Ouviram do Ipiranga...”
Com o avanço rápido da tecnologia, as pessoas se confundem na hora de definir um bom celular. Se você vai à uma loja e pede um aparelho pro vendedor, ele não vai te mostrar um com bateria boa ou com bom sinal de área. Ele mostrará um que toca música e vídeo, que tem televisão, jogos, câmera, GPS, Internet, etc. Hoje em dia a coisa menos importante no celular é o celular em si.

1 de julho de 2008

CRIANÇA ENCARANDO

Por que será que toda criancinha gosta de ficar me encarando? Mesmo em um lugar cheio de gente, sempre sou o escolhido por elas. E não adianta. Podem estar distraídas no colo da mamãe ou deitadas no berço, basta uma olhada pra mim e é 10 minutos sem piscar. Isso me preocupa muito, pois como estão há pouco tempo no mundo, tudo é novidade pra elas. Logo, pra algo tirar a concentração dessas criancinhas, deve ser uma coisa muito bizarra ou muito feia. E não basta apenas me encarar. Precisam ficar com aquela cara de quem tá vendo filme pornô pela primeira vez.
É terrível a sensação de ter alguém te olhando o tempo todo. Por isso certo dia tentei dar o troco. Fui até um bebê e comecei a encará-lo. Eu estava vencendo, mas infelizmente após alguns minutos de duelo chegou outro bebê e começou a me encarar também. Eu não consegui lutar com dois ao mesmo tempo e me vi forçado a sair. Mesmo assim, saí orgulhoso, pois eu posso ter perdido, mas eles entenderam meu ponto de vista.